Escondidos
sob os panos da impunidade, da proteção de autoridades e do silêncio da
população, o grupo que seria chefiado pelo presidente de Câmara Municipal de
Assu, Odelmo de Moura Rodrigues (PSD), preso na tarde de quinta-feira (30),
ainda é investigado por inúmeros outros crimes cometidos durante mais de 20
anos em toda região do Vale do Açu. Um deles é a ameaça de morte ao deputado
estadual Nelter Queiroz (PMDB).
Interceptações
telefônicas realizadas pela Polícia Civil descobriram, no início de novembro do
ano passado, que Odelmo teria contratado Paulo Douglas Garcia Gomes, o Paulo
"Cabeleireiro" e Valdemar Ulisses de Souza, para matar o deputado. O
preço: R$ 50 mil. As informações constam no processo que resultou na prisão do
vereador. Em contato a reportagem do JORNAL Diário de Natal, o deputado disse que não falaria
sobre o assunto.
De
acordo com as investigações policiais, como os pistoleiros não realizaram o
serviço, foram executados três meses depois na cidade de Assu. Paulo
Cabeleireiro foi morto na noite do dia 9 de junho, enquanto que Valdemar foi
assassinado na madrugada de 25 de setembro. A ameaça chegou até o deputado
estadual por meio de uma extensa teia de crimes.
Em
2009, Nelter Queiroz usou as rádios da região do Vale do Açu para cobrar uma
solução para os crimes que seriam cometidos pelo grupo chefiado por Odelmo
Rodrigues, em especial a morte de Raimundo "Oni" Galdino, amigo da
família do deputado. Já em 25 de janeiro de 2010, Fábio de Lima, Teófilo Dantas
Fonseca Filho, Francimar Paulino da Silva e Francisco Josualisson Pimentel,
apontados pela polícia como integrantes do grupo que aterroriza o Vale do Açu,
foram presos na zona rural de Assu. Através de exames de balística, a polícia
pôde comprovar que uma das armas apreendidas com eles à época, um revólver
calibre 38, foi utilizada em quatro homicídios entre 2008 e 2010, incluindo a
morte de Oni Galdino. Todos foram indiciados e estão presos na cadeia pública
de Caraúbas, região Oeste do RN.
Em
depoimento prestado ao delegado Odilon Teodósio, chefe da Divisão de Polícia do
Oeste (Divipoe), em 13 de novembro de 2011, Nelter Queiroz disse que seu maior
medo era ser morto por um dos bandidos "a mando de Odelmo". O
depoimento está anexado à denúncia apresentada pelos promotores Jovino Pereira
Costa Sobrinho e Patrícia Antunes Martins no último dia 21 de agosto, com
pedido de prisão preventiva de Odelmo e Aureliano Rodrigues. Além do episódio
da contratação dos dois pistoleiros para matá-lo por R$ 50 mil, o deputado
ainda relatou ter informações de pessoas próximas a ele de que estaria sendo
vigiado a mando do grupo. Afirmou, também, que um dos acusados presos em
Caraúbas teria dito a um interlocutor que quem iria matar Nelter seria ele,
quando saísse da cadeia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Reflita, analise e comente